domingo, 10 de julho de 2011

Gavadran

O som da pena deslizando sobre o papel grosso do enorme livro com capa de couro era rápido, rasgado e extremamente irritante. Ao menos assim pensava Arannis enquanto observava o anão diante dele. Este tinha pouco cabelo e uma barba avermelhada repleta de tranças e anéis de ouro. Estava debruçado sobre um enorme livro e atrás de uma escrivaninha de carvelho enegrecido pelo tempo. Atrás dele, prateleiras repletas de livros e objetos estranhos davam ao escritório um ar de biblioteca arcana.

"Senhor Gulmus, eu e meus amigos..." Começou o paladino de Avandra

"Shhh... Já disse. Espere até eu terminar!" Rosnou o anão "Turm, tome isto e entregue o mais rápido que puder." Disse o anão ao jovem ajudante que aguardava atrás de Arannis.

O jovem anão, de barba rala e bochechas rosadas pegou o pedaço de papel entregue por Gulmus e saiu correndo, quase derrubando Ecniv e Laucian, o bardo meio-elfo de roupas verdes.

"Muito bem. O que querem afinal?" Resmungou Gulmus enquanto se espreguiçava na cadeira que rangeu com seu peso. "Não tenho o dia todo!"

"Senhor Gulmus, sou Arannis, paladino de Avandra e membro da Ordem da Liberdade." Disse o eladrin "Eu e meus companheiros precisamos utilizar o portal da cidade." Completou

"Você e seus companheiros têm que pagar e entrar na lista, como todos os comerciantes. Uma vez que os drows deixaram a região, o comércio precisa voltar a fluir e eu não pretendo perder mais dinheiro." Disse o anão

"Entendemos perfeitamente, senhor. Porém, se faz necessário. É uma questão de extrema importância." Disse Ecniv

"Não me interessa. Há componentes de magia, enrgía mística, mão de obra. Tudo isso para que um grupo de cinco aventureiros poupe a sola das botas?" Disse Gulmus, visivelmente impaciente

"Meu caro Gulmus, não há necessidade para tais formalidades. A Ordem da Liberdade salvou a cidade e lhe deu a oportunidade de retomar os negócios. Tenho certeza de que a guilda de magos não teria objeções." Disse Laucian com um sorriso nos lábios

"Olha. Você pode jogar seu charme em outro lugar, Laucian Moeda de Ouro. Comigo não funciona. Ou eles pagam e esperam quinze dias ou nada feito." Respondeu o anão

Arannis, Laucian e Ecniv se entreolharam e então o paladino suspirou. Este retirou um pergaminho de dentro da bolsa mágica e o entregou a Gulmus. "Não queria fazer isto mas já que o senhor está irredutível..." Disse ele

Gulmus pegou o pergaminho e percebeu o selo real. Quebrando o lacre, leu atentamente o que estava escrito. Olhou para Arannis e leu novamente. A carta, basicamente uma ordem, havia sido emitida por Kraig, agora rei dos anões. esta exigia que a guilda de magos, que controlava o portal da cidade, permitisse acesso total à Ordem da Liberdade e associados.

"Bem...er...neste caso eu...creio que posso transportar vocês. Quando querem...er...partir?" Disse Gulmus, claramente mudando de tom

"Hoje mesmo." Disse Ecniv prontamente





Adrie estava quieta. Olhava de relance para o meio-elfo loiro ao seu lado e se lembrava das palavras de Keyra: 'Ele não presta! Flertou comigo na taverna depois de dizer que você era linda na ponte! Você não pode cair nos encantos dele!'

Laucian sorria. Estava entre Keyra e Adrie na plataforma que os levaria até um dos últimos níveis no subterrâneo da cidade anã. Com eles estavam também Ecniv, Arannis, Soveliss e Damara. Estes conversavam entre eles enquanto o elevador descia suavemente, após ter sido consertado por Soveliss e Ecniv.

Ao chegarem ao nível comandado pela guilda de magos, os heróis foram até o local indicado por Gulmus, líder da mesma. Um salão enorme com uma grande plataforma circular estava diante deles. Enormes arcos de pedra se cruzavam sobre a plataforma, como grandes pontes. Ao lado do portal, um painel de pedra com runas mágicas estava sendo limpo por dois anões. Um deles, mais velho que o outro, aproximou-se dos aventureiros.

"Ordem da Liberdade, sejam bem vindos ao portal de Forte Dourado." Disse ele

Os aventureiros trocaram algumas palavras com o operador do portal enquanto Kubik subia na enorme plataforma junto com Soveliss e Damara. Laucian, Keyra, Adrie e Arannis os seguiram logo depois.

"Damara, meu amor, você vai ficar bem?" Perguntou Soveliss

"Claro que vou seu mago tolo. É sua segurança que me preocupa." Respondeu a guerreira ruiva

"Vou ficar bem, você sabe que somos os melhores no que fazemos." Disse o eladrin sorrindo

Damara beijou seu amado e deixou a plataforma enquanto os anões iniciavam os procedimentos de ativação do portal mágico.

Keyra virou-se para Laucian e sorriu. "E você está indo conosco porque mesmo?"

"Tenho negócios em Gavadran...e a companhia de tão belas mulheres sempre é ótima numa viagem como esta." disse o bardo piscando

"Ah...tá..." Disse Keyra com um certo sarcasmo na voz

Arannis olhou para os anões e fez sinal de que estavam todos prontos. As runas no painel brilharam enquanto energía mágica se acumulava nos arcos de pedra acima.A energia começou a concentrar-se na direçao central, onde os quatro arcos se tocavam, logo acima da Ordem da Liberdade. Um grande brilho ofuscou os heróis e, segundos depois estavam sobre uma plataforma similar, mas na superfície, sob a luz do sol. Estavam em Gavadran.






O sol brilhava fortemente. A cidade fervilhava com o som do mercado, próximo ao portal mágico. Era diferente de qualquer cidade que o grupo visitara no passado. As paredes das casas eram de uma cor bege, como a das areias do deserto. Os humanos que passavam por ali tinham a pele escura e os homens usavam longas barbas bezuntadas de óleo. As roupas eram diferentes também. Longos mantos de cores vistosas e turbantes eram comuns a quase todos. As mulheres vestiam mantos que lhes cobriam o rosto. Havia membros de outras raças e estes ou se vestiam de forma similar ou eram claramente vistos como estrangeiros. Música exótica podia ser ouvida ao longe e o som de animais de carga também. Cinco anões que operavam o portal mágico em Gavadran olharam perplexos quando a Ordem da Liberdade surgiu. Um deles, com a pele queimada pelo sol, aproximou-se.

"Bem vindos a Gavadran! Nós esperávamos uma caravana de minério, não um grupo de seis pessoas e...um goblin."Disse o anão olhando para Kubik

"Mudança de planos. Mas a caravana deve vir logo em seguida." Disse Ecniv

"Bem meus caros, creio que tenha chegado a hora de seguirmos por caminhos distintos!" Disse Laucian interrompendo-os

"Certo bardo. Nos vemos por aí." Disse Arannis

"Até a próxima."Disse Soveliss sem dar muita atenção

Keyra apenas sorriu e virou-se para falar com Adrie, dando as costas para o meio-elfo

"Até outra hora." Disse Ecniv sorrindo

Laucian virou-se e, antes de ir, indicou uma boa hospedaria perto dali. "Um ótimo serviço por um bom o preço."Disse este


O grupo deixou a plataforma do portal anão e seguiu pelas ruas de Gavadran. Logo o calor os fez tirar as capas. Apesar de não conhecerem a cidade, as indicações de Laucian os fizeram chegar a uma hospedaria chamada Jardim Perfeito. era um belo lugar, ricamente decorado. Na recepção, um humano de cabelos loiros e pele queimada pelo sol os recebeu com um largo sorriso.

"Bem vindos estrangeiros!" Disse ele

"Você também parece ser um." Afirmou Ecniv

"Sim sim mas vivo há mais de vinte anos aqui. Em que posso ajudá-los?" perguntou o homem

"Precisamos de quartos, banho comida." Disse Arannis

"Certamente! Devo recomendar também nossa casa de banhos e massagem!" Disse o homem entusiasmado

"Casa...de massagens?" Perguntou Ecniv arregalando os olhos

"Sim! O senhor será atendido de forma excelente por nossas belas massagistas!" Disse o dono da estalagem

"Arannis. Peguem os quartos, tomem banho e descansem. Eu PRECISO de uma massagem! Eu pago a conta do grupo!" Disse Ecniv sorrindo e esfregando uma mão na outra rapidamente

"Bem...sim. Creio que merecemos um bom descanso e eu não estou aguentando vestir esta armadura no calor desta cidade." Disse o eladrin.

Arannis, Soveliss, Adrie e Keyra tomaram se refrescaram nos banhos da estalagem e comeram uma bela refeição com frutas exóticas e carne de carneiro. Enquanto se preparavam para sair pela cidade, Arannis repassou o plano que formularam dias antes, ainda na cidade dos anões.

"Lembrem-se, as pesquisas que fizemos na biblioteca dos anões nos trouxeram aqui. Há mais uma jóia nesta cidade com certeza e há também um item mágico que pode localizar as demais. Precisamos de ambos. Vamos perguntar pela cidade, pesquisar em bibliotecas locais e encontrar logo o que buscamos." disse o paladino

O grupo deixou a hospedaria. Todos menos Ecniv que decidiu ficar mais um tempo no local para experimentar a famosa massagem.

"O senhor pode escolher entre nossas massagistas. Garanto que não irá se arrepender, senhor Ecniv." Disse o funcionário da estalagem

"Ah...mas disso eu tenho certeza!" Disse olhando para as dez jovens humanas trajando túnicas semi-transparentes diante dele "Tenho certeza absoluta!"

sexta-feira, 20 de maio de 2011

A Batalha de Forte Dourado - Parte III

O clangor das trombetas anãs misturava-se aos gritos e ao som do aço chocando-se contra madeira ou metal. Berros de dor e barulho seco de metal contra carne eram ouvidos por toda parte. O guincho das repugnantes aranhas gigantes ao atacarem e os comandos das sacerdotizas que as comandavam eram capazes de gelar o sangue mas nada disso afetava o moral do rei Baltok Mão de Machado e de seus homens. Ao seu lado, repelindo ataques constantes de drows, estavam Medrash, o dragonborn vermelho, e Kraig, o príncipe dos anões. Drows tentavam em vão atingir o rei mas este revidava com seu machado mágico e gritava pedindo que mais viessem ao seu encontro. Kraig gargalhava enquanto girava seu próprio machado contra aranhas gigantes, do tamanho de enormes cães. Medrash mantinha seu enorme escudo pronto para proteger o rei e desferia golpes certeiros com sua espada flamejante.

Três grandes aranhas avançaram contra o dragonborn e este abriu a boca cuspiu uma labareda que chamuscou as criaturas. Logo em seguida, sua espada matou duas enquanto a terceira era morta por um anão jovem que empunhava um grande martelo de batalha.

Perto dali, Arannis e a Ordem da Liberdade lutavam contra dezenas de drows e duergars. O paladino havia sido cercado por um anão cinzento e dois drows e se defendia habilmente. Os inimigos atacavam mas seus golpes eram aparados pelo grande escudo com o símbolo de Avandra ou pela espada cuja lâmina azulada podia ser vista ao longe em meio à batalha. Soveliss estava na amurada oposta, disparando magias contra os inimigos. Adrie havia se transformado num lobo atroz e rasgava a garganta de um drow enquanto um lobo místico invocado pela druida defendia sua retaguarda. Keyra saltava e corria pelo campo de batalha, atacando e esquivando-se com graça e movimentos certeiros.
Ecniv havia se defendido algumas vezes de ataques inimigos mas procurava em meio ao caos da batalha um alvo importante. Foi então que o gnomo viu o general drow, cujo rosto havia sido marcado pela espada de Keyra na noite anterior.

"Hey!" Gritou Ecniv na direção do drow. Este nem ao menos notou o gnomo

"Eu disse hey você! Seu elfo torrado!" Gritou novamente o bardo

Como o drow parecia não dar atenção às suas provocações, Ecniv dirigiu-se de forma sorrateira até ele e então, surgindo de forma súbita, atingiu a coxa do drow com sua espada. Raios de eletricidade percorreram o corpo do inimigo que percebeu o gnomo e atacou ferozmente. Ecniv esquivou-se com grande rapidez e atacou novamente, fazendo com que sua espada mágica conduzisse suas magias. O general parecia enfraquecido pelos ataques rápidos e constantes do pequeno bardo que a cada golpe bem sucedido gargalhava e soltava provocações. O drow percebeu que cada golpe fazia com que sua visão ficasse turva e seus membros enfraquecidos.

"Pare de saltar, sapo!" Gritou o drow

"Não posso! Você é tão patético que tenho que dar pulinhos de alegria!" Riu Ecniv



Keyra havia matado dois drows e estava indo em direção das sacerdotizas. Ela sabia que eram perigosas e algo que a jovem ladina possuía em abundância era um senso tático formidável. Keyra saltou da amurada, girando em pleno ar e arremessando uma adaga contra uma das drows. A arma não atingiu o alvo e retornou instantaneamente às mãos da meio-elfa e então a sacerdotiza a notou. A drow apontou um pequeno cetro na direção de Keyra e um raio de energia negra voou pelo campo de batalha, atingindo-a. A energia formou tentáculos que aprisionaram Keyra.

"Ah, então você quer usar magia?" Gritou Soveliss do outro lado. "Toma!" Gritou o eladrin enquando uma serpente de energía deixava seu orbe indo diretamente para a mulher drow. Esta defendeu-se com magia e então deixou Keyra e começou a lutar com Soveliss. O mago disparava seus feitiços e a clériga os repelia. Então, Soveliss sorriu e fazendo um gesto com sua mão, conjurou uma enorme mão de gelo que segurou a drow.

"Não haverá amanhã para os drows!" Gritou o eladrin e então arremessou a drow pela amurada.

O grito da sacerdotiza desapareceu no abismo abaixo.

Os anões estavam vencendo. Muitos haviam morrido mas a hoste de Forte Dourado avançava cada vez mais enquanto os drows cediam terreno. Baltok Mão de Machado avançava por cima de cadáveres de elfos-negros e Arannis estava ainda ileso mas sendo atacado por vários ao mesmo tempo. Keyra lançou sua adaga e cortou a garganta de um drow. Então, correu para ajudar Ecniv.

Arannis estava tomado pela fúria da batalha. Defendeu-se com o escudo de um golpe certeiro, girou o corpo e colocou toda sua força num único e devastador ataque que decepou a cabeça de um duergar. Outro anão cinzento estava indo na direção de Arannis e agora eram cinco os atacantes do eladrin. Então. Soveliss disparou uma bola de fogo na área onde Adrie e Arannis lutavam contra os drows.

"Ops! Meu irmão!" Pensou o mago e então usou uma magia que teleportou Arannis para longe da explosão. Porém, o fogo atingiu Adrie que, em sua forma de lobo atroz ficou levemente chamuscada. O enorme lobo olhou na direção de Soveliss rosnando.

"Desculpa!" Gritou ele sem graça

Enquanto isso, o general drow continuava tentando atingir Ecniv sem sucesso. Arannis que havia sido teleportado para perto dele, atacou, atingindo o ombro do elfo-negro, partindo a ombreira da armadura. Adrie saltou na direção do drow, com sangue nas mandíbulas e o derrubou. O drow tentou levantar-se mas a espada de Keyra atingiu seu calcanhar, cortando-lhe os tendões. Então a ladina sacou sua adaga e a cravou nas costas do inimigo. O drow caiu de joelhos e a Ordem da Liberdade afastou-se mas Keyra então girou o corpo, fez um enorme corte no peito do general com sua adaga e então agarrou-o pelos cabelos, passando a espada por seu pescoço, no início devagar, depois culminando num corte rápido.

Ensanguentada, a meio-elfa pisou sobre o cadáver do general e gritou. Não era um grito de vitória mas sim um urro de raiva que intimidou vários drows ao seu redor. Estes recuaram e logo estavam correndo. Então, todos os anões próximos à Ordem da Liberdade gritaram como Keyra e logo estavam correndo atrás de drows apovarados. O exército inimigo estava em pânico.
Foi nesse momento, enquanto todos corriam no encalço da horda em frangalhos, que Adrie percebeu algo. Sobre uma das tendas, a uma distância segura, estava um gnomo. Era extremamente parecido com Ecniv. Porém, era mais velho e usava roupas negras. O gnomo estava armado com um arco curto e havia uma única flecha pronta para ser disparada. Antes que Adrie pudesse fazer qualquer coisa, o gnomo soltou o projétil.

A flecha cortou o ar e brilhou a alguns metros de Baltok Mão de Machado. A flecha mágica transformou-se em seis e todas atingiram o alvo. Adrie havia acompanhado a trajetória tortuosa da flecha. Era como se a mesma tivesse sido encantada para atingir apenas aquele alvo, o rei.
O impacto dos projéteis lançou Baltok para trás. O rei caiu e logo vários anões e Medrash estavam protegendo-o com seus escudos. Adrie olhou novamente na direção do gnomo mas este havia desaparecido. A druida então assumiu sua forma de elfa e correu para ajudar o rei. Porém, a cada tentativa, parecia que as flechas entravam mais na carne do rei dos anões.

O exército drow fugia. Haviam sido derrotados. Mas o preço havia sido a morte de Baltok Mão de Machado. O rei foi levado para dentro de Forte Dourado enquanto a Ordem da Liberdade, os Irmãos de Sangue e o resto dos anões matava os últimos drows sobre a ponte.




A tumba dos reis era uma caverna próxima de Forte Dourado. Era um lugar dedicado aos grandes reis e heróis dos anões. A enorme cripta era fechada. Duas grandes portas de pedra podiam ser abertas apenas com o brasão real, presente na coroa. As duas portas estavam abertas agora, enquanto uma multidão aguardava o início dos ritos fúnebres. Baltok Mão de Machado, o rei guerreiro, pai de Kraig, jazia sobre uma pira funerária erguida nos últimos dois dias por dezenas de anões. Era alta e o corpo do rei mal podia ser visto mas estava em paz. Kraig trazia consigo uma tocha e estava vestindo um longo manto de pele de lobo que havia pertencido ao seu pai. A Ordem da Liberdade, Linfur, Damara e Medrash observavam de perto. Todos partilhavam da dor do amigo apesar da grande vitória contra os drows.

Arannis colocou a mão sobre o ombro de Kraig. "Ele orgulhou seus ancestrais. Faça o mesmo." Disse o eladrin

"Tem razão elfo. Eu farei isso." Respondeu Kraig enquanto ateava fogo à montanha de toras de madeira. "Honrarei meu pai e meus ancestrais. Moradin é testemunha. Moradin sabe que meu pai morreu lutando por seu povo e que assim fará Kraig, filho de Baltok, neto de Kroj."

Dizendo isso, Kraig virou-se para a multidão. "Lutarei por meu povo e honrarei o sangue que carrego nas veias! Assim jura o filho de Baltok Mão de Machado!" Gritou

O fogo espalhou-se pelas toras e logo o corpo do rei estava queimando. Muitos de seus súditos deixaram presentes para o morto e se retiraram até que, no fim, apenas Kraig e seus amigos restaram. Alguns servos iriam se encarregar de levar o corpo para a cripta e lacrá-la.




Os dias que se seguiram foram bem ocupados. Enquanto a cidade se recompunha da batalha e do cerco dos drows, patrulhas vasculhavam a região em busca de sobreviventes do exército inimigo. Os membros da Ordem da Liberdade decidiram ficar até a coroação do novo rei e aproveitaram para pesquisar mais a respeito das sete jóias. A biblioteca de Forte Dourado era a maior e mais antiga que haviam visto e certamente haveria alguma informação importante lá.

A coroação do novo rei seria uma festa com banquetes e muita alegria. Kraig era agora o novo monarca e tinha novas responsabilidades. Por outro lado, a Ordem da Liberdade tinha agora um poderoso aliado em sua busca por derrotar Agrom-Vimak. Os heróis estavam decididos a viajar para a cidade de Gavadran, no sul distante, em busca de mais uma das jóias. A idéia seria usar o portal da cidade anã e depois retornar da mesma forma para seguir em busca das montarias aladas que Arannis tanto desejava para a Ordem.
Os preparativos estavam sendo feitos quando Soveliss foi até Damara.

"O que foi meu amor. O que tirou seu sorriso de sempre?" Disse a guerreira de cabelos de fogo

"Nada...eu...eu tenho algo para você." Respondeu Soveliss "Nós vamos partir em breve. Não sei o que encontraremos no caminho. Por isso, mandei fazer algo provisório..." Continuou ele, retirando do bolso um objeto pequeno.

Damara estava curiosa e levantou-se da cama para ver melhor o presente.

"Damara, meu amor, este anel é somente uma amostra do que virá. Amo você acima de tudo e retornarei para fazer tudo da forma correta." Disse o eladrin enquanto colocava um anel de prata no dedo de sua amada

"Soveliss...eu..." ia dizer Damara

"Shhh...não. Quando eu voltar vamos conversar sobre isso. Eu te amo." Disse o mago enquanto beijava a guerreira




Do lado de fora da cidade dos anões, Adrie perambulava. Ainda havia muitas marcas de sangue e de explosões na ponte de pedra. Ela caminhava sozinha, pensativa. O vento das montanhas fazia seus longos cabelos esverdeados tremular como um estandarte. Ela apoiou-se na amurada e olhou para o abismo abaixo. Subitamente, uma melodia muito familiar se fez ouvir em meio aos uivos do vento. Alguém estava assobiando uma canção élfica. Adrie olhou para o outro lado da ponte e viu um homem vestido de verde, sem armas além de uma rapieira presa à cintura. Usava uma capa verde-escura e botas de couro altas. Adrie percebeu que muitos objetos do homem eram mágicos, inclusive seu vistoso chapéu verde com uma grande pena vermelha e dourada. O homem foi se aproximando e ao chegar perto o suficiente, Adrie notou que era muito atraente. Seus traços finos lembravam os de um elfo mas a barba por fazer o denunciavam como humano, ou talvez meio-elfo. Era muito loiro e seus olhos eram de um azul profundo, levemente amendoados. O homem trazia apenas uma pequena bolsa, visivelmente mágica, e um alaúde preso às costas. Adrie sentiu-se ao mesmo tempo atraída e incomodada com a presença do homem, que lhe lançava um olhar calmo e ao mesmo tempo sedutor.

"Bom dia! É realmente uma agradável surpresa ver uma filha das florestas numa cidade de anões! Ainda mais em se tratando de tão bela criatura." Disse ele em élfico, tirando o chapéu e beijando-lhe a mão.

"Bom...bom dia...eu...sou Adrie"Disse ela

"Adrie. Seu nome soa como o cantar de pequenos rouxinóis na primavera. O prazer em conhecê-la é todo meu. Sou Laucian...conhecido também como Laucian Moeda de Ouro." Disse ele ainda em élfico e olhando-a diretamente nos olhos

"Soube que há um novo rei e vim aqui para prestar minhas homenagens a um velho amigo." Disse Laucian "Você também está aqui para a coroação?" Perguntou ele apoiando-se na amurada e olhando para Adrie bem de perto

"Eu...hum...sim...eu e meus amigos...a Ordem...a ordem da liberdade." Disse ela sem graça

"Que ótimo! Já ouvi a respeito do seu grupo. Bem, preciso ir. Longa viagem, sabe como é. Foi realmente muito, mas muito prazeroso conhecê-la, Adrie..." Disse ele fazendo uma longa reverência e beijando-lhe as duas mãos. "Espero sinceramente vê-la novamente."

Laucian entrou na cidade dos ançoes, passando pelos guardas que pareciam conhecê-lo bem. Adrie continuava maravilhada com aquele homem misterioso.



Enquanto isso, longe dali, algo antigo e poderoso despertava de seu sono de centenas de anos.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

A Batalha de Forte Dourado - Parte II

"Alteza, o rei está conversando com um emissário dos drows!" Disse ofegante o mensageiro, um anão jovem, de barba rala e escura enquanto se dirigia a Kraig que bebia ao lado dos membros da Ordem da Liberdade

"Malditos elfos-negros filhos de aranhas e prostitutas dos Nove Infernos!" Xingou o príncipe dos anões. "Tenho que ver isso!" Finalizou, enquanto engolia o resto de cerveja negra de sua caneca

Kraig caminhou até a porta da taverna, ao lado do mensageiro e então olhou para trás, na direção de Arannis, Soveliss, Adrie, Keyra e Ecniv.

"Vão ficar aí parados? Vamos logo!" Berrou



A sala do trono estava apinhada de guerreiros e anões das classes nobres de Forte Dourado. A Ordem da Liberdade estava perto do rei, ao lado de Kraig. Baltok Mão de Machado estava sentado em seu trono de pedra, observando a multidão que falava sem parar. Então, as grandes portas do salão foram abertas pelos guardas e todos os anões se calaram. Uma figura esguía passou pelas portas. Seus cabelos brancos eram curtos, muito curtos, e suas orelhas eram pontiagudas e estranhamente longas. Tinha a pele negra, como todos os drows, e olhos totalmente vermelhos. Vestia roupas caras e muitas jóias e não portava arma alguma.

O silêncio no salão era sepulcral e apenas os passos do drow ressoavam no lugar. O elfo-negro caminhou até o centro da sala, observando a multidão de anões e lançando olhadelas pelo salão. Enfim, o drow chegou até uma distância de menos de dez metros do trono. Ele olhou para a direita e viu a Ordem da Liberdade. Um sorriso sarcástico se formou em seus lábios ao ver o grupo formado por uma elfa, uma meio-elfa e dois eladrins. O gnomo não chamou tanto sua atenção. O arauto dos drows voltou-se para Baltok, o rei e então sorriu novamente.
O drow fez uma reverência exagerada, abaixando-se até que seu nariz quase tocasse o chão.

"Ó majestade, rei Baltok Mão de Machado, rei dos anões, senhor de Forte Dourado, poderoso adversário e justo governante..."Disse ele enquanto levantava o olhar na direção do rei. "Meu nome é Zarak e sou o mensageiro de minha senhora, a rainha das aranhas, aquela que dança diante da sombra de Lolth, nossa progenitora."

Os anões continuavam em silêncio mas uma cusparada de Kraig no chão chamou a atenção de muitos deles, que repetiram o gesto.

O drow ignorou a provocação e continuou. "Ó senhor dos anões. Minha senhora incumbiu-me de trazer palavras justas e uma proposta de paz..."Essa última palavra foi dita com um sorriso no rosto e gestos afetados. "Minha senhora pede apenas que, como seres simples que são, aceitem o domínio da raça nobre e poderosa dos drows, tornando-se um protetorado."

Baltok fechou os punhos. estava visivelmente irritado com o drow e sua proposta. No entanto, esboçou uma certa tranquilidade quando sua voz de trovão ressoou pelo salão de pedra.

"Diga, drow, porque veio aqui sabendo que meu povo nunca se renderá aos drows? Diga porque está me fazendo perder tempo com uma proposta como essa?" Disse o rei

"Majestade, ó grandioso e poderoso senhor de Forte Dourado, minha senhora quer o bem estar de seu povo. Ela exige apenas total obediência e assim, todos serão poupados da morte nos poços de aranhas. Assim continuarão vivendo em sua fortaleza mas como servos de uma raça superior." Respondeu Zarak

"Essa é nossa única opção?"Perguntou Baltok Mão de Machado

"Majestade, há uma segunda opção. Minha senhora diz que, caso não aceite servir aos gloriosos drows, poderão deixar Forte Dourado e partir. Todo o seu povo poderá deixar a cidade em paz, desde que não ousem atacar um drow sequer." Disse o mensageiro

A multidão começou a murmurar e muitos chegaram a reclamar. Alguns gritaram xingamentos direcionados ao drow e outros avançaram mas logo foram retidos por seus companheiros.

"Então, ó poderoso rei...que mensagem devo levar à senhora das aranhas?" Perguntou Zarak sorrindo como sempre

"Diga...diga que Baltok Mão de Machado, filho de Kroj o Impiedoso e senhor de Forte Dourado dará uma resposta ao amanhecer. Agora vá, drow." Disse o rei mantendo a calma

O drow fez uma longa reverência e então lançou outro olhar na direção dos eladrins presentes. "Majestade, aguardaremos sua resposta..." E então deixou o salão andando a passos largos, enquanto o murmúrio da multidão se transformava em caos.



Troban era um guarda jovem. O anão estava em seu turno na muralha no ponto mais alto de Forte Dourado. Ele brandia uma lança e estava sonolento mas de vez em quando parava para observar pela amurada. Abaixo, o acampamento drow estava cheio de pequenas luzes de fogueiras. O vento batia forte na muralha. Troban bocejou e esticou os braços e então uma pequena sombra saltou em sua direção. O halfling agarrou-se às costas do anão e antes que ele pudesse gritar por ajuda, colocou um pedaço de pano molhado sobre sua boca e nariz. O anão debateu-se por alguns segundos e então caiu inconsciente. Linfur sorriu enquanto guardava o pedaço de tecido.

"Ele não está morto. O que você fez?" Disse Keyra, saíndo das sombras

"Uma pequena poção. Segredos de profissão, garota." respondeu o halfling

"Hum...e agora?" Perguntou a meio-elfa

"Agora brindamos aos deuses com a poção de invisibilidade, descemos pelas cordas até a ponte, atravessamos e matamos alguns drows em seu acampamento." Disse Linfur tirando do cinto um pequeno vidro contendo a poção.

Keyra sorriu ao som dos pequenos frascos se chocando levemente. Os dois ladinos beberam e em segundos estavam completamente invisíveis. Duas cordas, firmemente amarradas foram arremessadas muralha abaixo e somente a ponta delas chegou até o chão. Linfur havia calculado bem quando juntara mais de três cordas longas. O vento parecia balançar as cordas mas na verdade eram Keyra e Linfurm invisíveis. Ao chegar ao final da longa descida, cada um seguiu seu caminho, atravessando em silêncio a ponte.
Keyra notou que, além dos guardas drows, havia na ponte um conjunto de barris com um cheiro forte. Longas cordas saíam dos barris e caíam pela amurada lateral da ponte de pedra. Keyra dependurou-se para verificar e percebeu que mais alguns barris estavam amarrados na parte inferior da ponte.

A meio-elfa seguiu, entrando no acampamento drow. Soldados por toda parte. Alguns ao redor de fogueiras, outros afiando armas e treinando. Keyra havia esquecido que a noite era para os elfos-negros o período de atividade. Mas não havia apenas drows. Ogros, orcs, duergars e gnolls estavam também entre as fileiras do exército maligno. Keyra começava a perguntar-se se o plano secreto de Linfur havia sido realmente uma boa idéia.
Ninguém sabia que Keyra havia deixado Forte Dourado com Linfur. Ninguém a não ser Soveliss, para quem a meio-elfa sempre contava essas coisas.

Uma tenda maior e mais iluminada chamou a atenção da ladina. Ela percebeu um enorme guarda meio-orc e decidiu contorná-la para tentar entrar sem ser notada. Apesar de estar invisível, Keyra sabia que poderia ser percebida. A ladina chegou na parte de trás da tenda e, usando sua adaga, abriu um corte no tecido grosso e assim entrou. Estava atrás de um dos postes de madeira que sustentavam a tenda. Havia uma mesa de madeira, baús e uma montanha de almofadas de cores diferentes, bastante ornamentadas. De pé, diante das almofadas, estava uma drow.
A mulher usava um vestido translúcido e algumas jóias. Era muito bonita e emanava um ar de superioridade. Ela estava conversando com um drow. Keyra sorriu ao reconhecer o mensageiro afetado que havia estado na sala do trono dos anões, horas antes. Os dois falavam na língua do subterrãneo, que Keyra dominava bem.

"Então Zarak. O que diz o inseto?" Perguntou a mulher

"Minha senhora. O rei dos anões é duro como as montanhas, seco como o deserto mas tem um coração mole e um senso de dever enorme para com seu povo. Ele irá render-se, certamente."Respondeu o drow

"Está certo disso, draegloth?" Insistiu ela

"Mas é claro, ó alteza entre as altezas." Respondeu Zarak

Keyra tentou lembrar-se da palavra 'draegloth' mas não conseguiu. Talvez fosse o nome de uma casa ou apenas um título. Ela se manteve em silêncio enquanto os dois conversavam.

"Minha senhora, em todo caso, vamos exterminar os anões pela manhã, quando o tolo rei se entregar." Disse Zarak

"Logicamente, draegloth. Eu quero a cabeça dele numa bandeja de prata. Melhor ainda, de mithral." Disse a mulher sorrindo "Muito bem, você pode ir." Completou

Zarak fez uma longa reverência e deixou a tenda. Keyra foi até a entrada e observou o drow. Este havia parado para falar com o guarda.

"Ainda sendo um guarda? Sempre ridículo, mestiço." Disse o drow

"E voce, sempre um menino de recados, draegloth." Respondeu o meio-orc

"Não me teste...nunca comi carne de meio-orcs...posso começar." Disse Zarak tranquilamente. "Até breve, impuro." Finalizou

Então, Keyra viu algo estranho e aterrorizante. Zarak se contorceu e por alguns instantes sua pele se esticou. A pele negra começou a resgar como se nao pudesse comportar o tamanho do corpo de Zarak. Grandes braços com garras descomunais, dois braços menores na barriga e uma cabeça que parecia uma mistura de drow com morcego surgiram. Zarak, ou a coisa que havia sido o drow, rosnou para o meio-orc e então duas asas brotaram de suas costas. A criatura apontou para o guarda e pareceu gargalhar. Então, bateu as enormes asas de couro e desapareceu no céu estrelado.

O meio-orc resmungou e contiuou vigiando a entrada. Keyra voltou sua atenção para a mulher dentro da tenda. Ela estava completamente nua. Keyra sabia que as sacerdotizas drows costumavam fazer um ritual que encolvia orgias com vários machos e que Lolth, a deus aracnídea dos elfos-negros apreciava isso. A ladina imaginou que a drow estivesse esperando seus seguidores. Para Keyra, a mulher era a líder do expercito e sua morte seria importante para prejudicar a moral dos drows. Então, sem pensar mais, Keyra arremessou sua adaga na direção da drow. A arma sibilou atingindo a sacerdotiza nas costas. Antes que esta pudesse gritar, Keyra estava atrás dela, visível e empunhando outra adaga, cuja lâmina tocou o pescoço da mulher.

"Morra, drow maldita." Sussurrou Keyra e então a adaga abriu a garganta da drow

A mulher engasgou com o próprio sangue e virou-se para encarar Keyra, que a segurava. A ladina deixou que a drow visse seu rosto.
Passos e vozes se aproximavam e Keyra pensou rapido. Sacou a pequena esfera de onix que levava sempre consigo e, sussurrando as palavras mágicas, transformou-se num drow. Quando cinco outros elfos-negros entraram na tenda, Keyra, sem virar-se para eles, falou, tentando parecer intimidadora como a mulher que jazia em seus braços.

"Saiam daqui. Já tenho o que preciso. Vão, machos idiotas!"Disse ela na língua dos drows

Os cinco ouviram a voz de uma mulher e não perceberam que era o 'homem' quem havia falado. Pedindo desculpas pela intromissão, os elfos-negros saíram. Keyra então soltou a sacerdotiza sobre as almofadas e tentou achar algo de valor. Nada chamou sua atenção e ela resolveu ir embora antes que o corpo fosse descoberto. A ladina, disfarçada de drow, saiu pela mesma fenda aberta nos fundos da tenda e minutos depois havia grande alvoroço no acampamento. Outros drows haviam sido encontrados mortos e logo a mulher também seria.
Keyra correu, escondendo-se entre as pedras mas foi vista por um elfo-negro que vestia uma armadura negra, com detalhes em dourado. Ela arremessou a adaga mas esta apenas resvalou no rosto do inimigo, retornando em seguida às suas mãos.

"Intruso..."Disse o drow e este correu na direção do falso elfo-negro.

Keyra não pensou duas vezes. Correu e direção à ponte. Tentando não ser vista por outros guardas. Por sorte, a habilidade de Keyra de mesclar-se às sombras fez com que conseguisse despistar o seu algoz. Logo a meio-elfa estava esgueirando-se em direção à muralha. Ao chegar, porém, deparou-se com um drow que havia encontrado as cordas.

"Maldição..."Pensou ela e então algo aconteceu. Linfur saltou sobre o drow, cortando-lhe a garganta num golpe certeiro de suas adagas.

"Belo trabalho garota. Agora vamos subir antes que mais deles encontrem as cordas e subam." Disse o halfling

Rapidamente os dois subiram de volta e puxaram as cordas para cima. Haviam causado um belo estrago e certamente a manhã seguinte seria vantajosa para os anões.




Era de manhã quando centenas de drows avançaram para perto da ponte que ligava as muralhas de Forte Dourado ao desfiladeiro nas montanhas. Drows subiam nas amuradas e gargalhavam enquanto mijavam sobre as estátuas de anões que guardavam o local. Um grupo grande de anões cinzentos, os temidos duergars, martelava seus escudos com suas armas, desafiando seus primos distantes. Aranhas do tamanho de cães de guerra rastejavam pela ponte sob o comando de mulheres drows armadas apenas com o símbolo nefasto de sua deusa, Lolth.
Um drow, cujo rosto mostrava um corte recente, avançou alguns metros à frente do exército e falou na língua comum.

"Vão ficar aí dentro escondendo-se, porcos?" Gritou o drow "Seu rei de merda vai ficar atrás das grandes muralhas até que os matemos de fome?" Perguntou "Saiam do buraco fedorento em que vivem e vamos matar somente a metade de vocês! A outra metade irá nos servir como escravos que já foram no passado para os gigantes do fogo! Vamos anões! Saiam daí e mostrem suas barbas cheias de piolhos!" Gritou uma vez mais

Forte Dourado continuava em silêncio e apenas as bandeiras tremulando no topo da cidade anã faziam algum som. O general drow gargalhou e virou-se para seus homens e falou, ainda em comum.

"Viram? Covardes! Se escondem atrás da muralha como ratos!" Vociferou o drow ainda rindo e então ouviu-se um estrondo.

O som de metal chocando-se contra metal e das enormes engrenagens dos portões de ferro ecoou enquanto o general dos elfos-negros se voltava para Forte Dourado. Um anão saiu pelo portão, empunhando o estandarte real. Era o capitão Gundur. Atrás dele, centenas de anões começaram a sair e a formar uma coluna de machados, martelos, lanças e escudos do outro lado da ponte. Gundur levantou um chifre dourado e assoprou com força entoando um chamado de guerra. Mais e mais anões se posicionavam enquanto o general drow gargalhava. Logo a coluna de anões estava formada e havia dragoborns entre eles. Um deles, Medrash, estava lado a lado com Arannis. Adrie estava perto deles e Ecniv estava atrás. Keyra havia sacado suas armas e estava sobre a amurada leste. Soveliss saiu pela porta ao lado de sua amada Damara e do príncipe Kraig. O eladrin beijou a humana de cabelos ruivos e teleportou-se para cima de uma das grandes estátuas da ponte.

Os Irmãos de Sangue e a Ordem da Liberdade estavam prontos, lado a lado com os guerreiros de Forte Dourado quando as trombetas soaram novamente. Um corredor de anões abriu-se enquanto Baltok Mão de Machado passava. Ele usava uma armadura de placas digna dos grandes guerreiros do passado. Seu elmo, fechado nas laterais mas aberto na frente ostentava um par de asas de águia. Sua longa barba estava trançada e em suas mãos havia um escudo com o brasão jde sua família e um cetro escuro com ornamentos de prata. Baltok parou diante do exército anão e bateu o cetro no chão. Chamas azuis irromperam numa das pontas do certo, formando uma lâmina de machado flamejante. Ao ver isso, os guerreiros anões gritaram seu nome.

"Por Forte Dourado e Moradin!" Gritou o rei

Arannis colocou seu elmo e fez uma prece a Avandra. Keyra beijou sua espada e Adrie pensou em Melora, sua divindade. Soveliss sorriu enquanto sacava seu orbe mágico e Ecniv empunhou sua espada elétrica e sorriu.

"POR FORTE DOURADO, MORADIN E BALTOK!!!" Gritaram todos os anões e a linha de escudos avançou para enfrentar os elfos-negros.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

A Batalha de Forte Dourado - Parte I

O vento soprava nas asas brancas da armadura mágica de Arannis. O paladino estava voando e, com seu elmo alado, parecia uma criatura feita para viajar pelos céus. Ele voava com um corvo negro ao seu lado. Era Adrie, a druida.

Estavam seguindo as montanhas e acreditavam que a cordilheira os levaria até Forte Dourado, a cidade dos anões. As nuvens passavem rápidas e os dois aventureiros seguiam observando o terreno abaixo, em busca de sinais da cidade-fortaleza.

Uma grande sombra cobriu Adrie e Arannis. Era o dragão verde. Este passou por cima deles e desceu subitamente, tomando a dianteira. Em seu dorso estavam Keyra, Soveliss, Ecniv e Kubik, além da cadela adotada por Adrie em sua viagem ao extremo norte. Keyra segurava as rédeas mágicas que mantinahm o dragão sob controle e estava sorrindo, enquanto seus cabelos castanhos eram soprados pelo forte vento. Kubik se agarrava ao dragão como podia e Soveliss estava lendo, segurando-se com uma mão. Ecniv estava mais atrás, onde a cadela estava amarrada com várias cordas. O gnomo tentava manter o animal calmo.

Keyra sorriu e falou no ouvido do monstro verde. A criatura pareceu sorrir e então mergulhou, fazendo com que Ecniv ficasse com as pernas soltas, segurando-se desesperadamente com as duas mãos. Então, o dragão verde subiu novamente e fez um grande círculo no ar, deixando os aventureiros de cabeça para baixo por alguns instantes. Ecniv não aguentou e se soltou, caíndo. O gnomo gritou por alguns segundos enquanto caía. Mas então o dragão passou por baixo dele e Ecniv caiu novamente sobre o monstro que gargalhava.

"Desculpa...mas eu precisava fazer isso." Disse Keyra rindo

O grupo continuou voando por algumas horas até chegar a um lugar onde poderiam descansar. O dragão os obedecia por causa da magia das rédeas mas havia concordado com Arannis em ajudá-los, por um preço. O debate havia sido longo. Ecniv queria vender o dragão em Ilíria e usar o dinheiro para a Ordem da Liberdade. Adrie queria ficar com o dragão como montaria para o grupo. Keyra se mantinha neutra e Soveliss queria usar o dragão para ajudar os anões. Arannis havia pesado as consequências das possíveis escolhas e acabara decidindo fazer um acordo com a criatura.

"Você nos levará até Forte Dourado e nos ajudará a derrotar nosso inimigo, Agrom-Vimak." Disse ele ainda no plateau dos pégasos

"Tenho uma contraproposta, paladino. Eu os levo até os anões e vocês me libertam. Daí retornarei quando estiverem frente a frente com esse Agrom-Vimak." Respondeu o dragão

"Como saberei que você cumprirá sua parte?" Perguntou Arannis

"Com esta escama, seu irmão, o mago, poderá me chamar. É a única garantia que posso dar." Disse o monstro entregando uma escama de seu corpo ao paladino

Arannis ainda se lembrava de quanto tempo os aventureiros perderam tentando chegar a um acordo. No fim, haviam aceitado a proposta do dragão e agora voavam rumo a Forte Dourado. Era uma aliança estranha e perigosa mas Arannis estava apostando na sorte. Desde seu encontro com o "andarilho", o eladrin acreditava que Avandra estava guiando os passos da Ordem da Liberdade e que a sorte estava ao seu lado.

No segundo dia de viagem, a Ordem da Liberdade avistou a fortaleza conhecida como Forte Dourado. Era uma torre circular de grandes proporções. Ficava sobre um desfiladeiro, cercada por abismos. Apenas uma ponte ampla de pedra ligava a cidade dos anões à cordilheira propriamente dita. Era uma fortaleza inexpugnável. Porém, do outro lado da ponte, havia centenas de tendas com bandeiras drows.

Os aventureiros sobrevoaram a cidade por alguns minutos e viram que o topo de Forte Dourado era uma enorme laje com passarelas protegidas onde guardas anões vigiavam o acampamento drow a distância. Arannis desceu primeiro e ao seu lado foi Adrie em forma de corvo. Assim que o paladino pousou e as enormes asas brancas desapareceram, Adrie transformou-se em elfa, aterrizando ao seu lado.

"Viemos em paz. Viemos ajudar. Somos a Ordem da Liberdade." Disse Arannis

"E somos amigos de Kraig e Damara, dos Irmãos de Sangue." Complementou Adrie

O anão olhava desconfiado e outros soldados se juntaram a ele. Um eladrin e uma elfa haviam pousado tranquilamente no topo da cidade anã. Certamente eram poderosos. Então, o bater das gigantescas asas de couro do dragão verde se fez ouvir e lá estava ele e os demais membros da Ordem da Liberdade. O monstro pousou e rugiu e Arannis teve que conter os anões que pensaram e fugir em busca de ajuda.

Keyra, Soveliss, Ecniv e Kubik desceram do dorso da criatura mas a ladina mantinha as rédeas mágicas em suas mãos. Arannis conseguiu convencer os anões de que o dragão estava sob controle e então tomou as rédeas em suas mãos.

"Conforme acordado, vou soltar você. Chamaremos quando estivermos frente a frente com nosso inimigo. Cumprirá com sua palavra, dragão?" Perguntou o paladino

"Minha palavra. Sim, eladrin. Ajudarei vocês..."Respondeu o dragão

"Então está livre." Disse Arannis retirando as rédeas

Por alguns instantes o dragão verde pareceu avaliar a situação ao seu redor. O monstro pareceu sorrir e fez menção a sair voando.

"Então até breve!" Disse Ecniv zombeteiro

O dragão então levantou a pata e derrubou o gnomo. Suas garras mantinham Ecniv preso mas o peso da enorme pata não estava pressionando seu peito o suficiente para matá-lo. Sem poder se mexer, Ecniv ficou em silêncio, temendo por sua vida. Os demais membros do grupo estavam prontos para lutar quando o dragão falou.

"Hoje, pulga, irei cumprir com minha palavra. Na próxima vez em que nos encontrarmos, quando seu inimigo estiver morto, você vai direto para meu estómago." Disse o dragão, soltando-o em seguida e alçando vôo rumo ao sul

"Vai..."Disse Keyra baixinho

"Hey!" Exclamou Ecniv indignado enquanto se levantava e limpava a sujeira em sua roupa

"Pessoal. Não temos tempo para isso." Disse Arannis "Senhor, pode nos levar até alguma autoridade? Viemos falar com Kraig e ajudar sua cidade." Disse o paladino dirigindo-se ao anão mais próximo

"Aguardem. Preciso consultar meus superiores." Respondeu o soldado

Depois de um bom tempo de espera, um anão saiu de uma porta no corredor externo da fortaleza. Era um anão mais velho e pela armadura e armas, de um posto maior que o dos guardas.

"Ordem da Liberdade. Venham comigo, por favor."Disse o anão

Os aventureiros entraram na fortaleza e seguiram por um corredor descendente. Não havia escadas e sim uma rampa levemente inclinada que seguia circulando aquele nível da cidade. Guaritas e arsenais ficavam nas salas que os aventureiros podiam ver. Logo todos estavam diante de uma plataforma de pedra,madeira e cordas. O anão pediu aos heróis que subissem na plataforma e, assim que todos estavam sobre ela, acionou um dispositivo. Algumas runas no painel brilharam e logo a plataforma estava descendo. Os aventureiros nunca tinham visto algo parecido. O som contínuo da plataforma era um tanto irritante mas o anão parecia acostumado. Era possível ver o centro oco da cidade e seus diversos níveis. Uma verdadeira cidade vertical com comércio e residências espalhadas em quinze níveis escavados na pedra.
Depois de quatro deles, a plataforma parou.

"Chegamos. Os levarei até a sala do trono." Disse o anão

"Como é seu nome, senhor?" Perguntou Ecniv

"Sou Gundur, capitão do Terceiro Regimento." respondeu este

"Capitão Gundur, antes de falarmos com rei, gostaria de saber a respeito de nossos amigos, os Irmãos de Sangue." Disse Arannis

"Olha, não sei quanto a vocês mas eu lembro claramente de ouvir em Skan que Medrash estava aqui. com os anões. Eu quero vê-lo!" Disse Keyra intrometendo-se

"Keyra, vamos pro curá-lo mas agora..."Ia dizendo o paladino de Avandra quando fui subitamente interrompido pelo anão.

"Medrash? Capitão Medrash? Um dragonborn vermelho? Ele está com os Irmãos de Sangue e é líder do quarto regimento, nos níveis inferiores." Disse Gundur

"Temos que ver Medrash, Arannis. Nos devemos isso a ele depois dele ter desaparecido e você...você sabe o que penso do fato de não termos procurado por ele antes!" Disse a meio-elfa irritada

Arannis concordou com a cabeça e dirigiu-se ao anão. "Capitão. Podemos ver Medrash antes de entrar na sala do trono? É muito importante." Perguntou o eladrin

O anão inicialmente fez muxoxo e depois de pensar por uns instantes concordou. Acionou a plataforma e esta desceu novamente. Depois de algum tempo estavam nos níveis inferiores. Havia pouca luz e menos civis. A maior parte dos anões era de guerreiros e operários. Estes últimos ajudavam na construção de barricadas e no acúmulo de entulho no que parecia uma passagem bloqueada num grande túnel.
Um grupo de dragonborns estava no local e um deles, um grande dragonborn vermelho dava ordens aos anões que carregavam toras de madeira e grandes blocos de entulho. Usava uma armadura de couro, não parecia pronto para combater. Porém, a grande espada presa à cintura era imponente, assim como as várias cicatrizes que agora ostentava.

Keyra não pensou duas vezes. Saltou da plataforma móvel e gritou. "Medrash!"
O dragonborn virou-se ao ouvir seu nome e reconheceu a ladina e a Ordem da Liberdade. Ele caminhou em direção a Keyra e esta pendurou-se em seu pescoço, chorando e sorrindo.

"Medrash!"dizia ela soluçando.




Uma hora depois, a Ordem da liberdade estava de volta aos níveis superiores da fortaleza anã. Haviam deixado Medrash cuidando de seus afazeres depois de falar rapidamente com ele e agora o grupo estava indo à enfermaria onde Damara estava ajudando os feridos de várias batalhas no subterrâneo. Gundur estava relutante em ficar passeando com os aventureiros enquanto o rei aguardava na sala do trono, segundo ele. Mesmo assim guiou o grupo pela cidade.
Damara estava na grande sala da enfermaria improvisada. Seus cabelos ruivos estavam presos e seu braço esquerdo imobilizado. Ao seu lado, a pequena figura sinistra de Linfur espreitava.

Soveliss e Damara se beijaram por um bom tempo enquanto os demais esperavam. Linfur, que era de poucas palavras, cumprimentou Keyra, a quem respeitava.
Os dois grupos de aventureiros conversaram por um bom tempo até que Gundur pigarreou e insistiu em que o acompanhassem.

Os aventureiros seguiram Gundur até duas grandes portas, no nível acima, onde dois guardas com alabardas se postavam de cada lado. O grupo entrou num salão enorme com grandes colunas de pedra e onde raios de luz solar chegavam através de um sistema de túneis e espelhos, pelo que Soveliss conseguiu deduzir. No fundo e ao centro do salão havia um trono de pedra descomunal. Era simétrico e com motivos geométricos, como quase tudo na cidade. Sobre o trono estava um anao velho, com longas barbas cinzentas. Usava uma armadura de couro robusta, aparentemente nada confortável, e uma capa feita com peles de lobo. Sobre sua cabeça estava uma coroa de metal simples, sem grandes ornamentos. Diante dele estava outro anão, de costas para os aventureiros.

Quando a Ordem da Liberdade entrou o anão se virou pars insa ver quem havia interrompido sua conversa com o rei. Kraig sorriu ao ver seus amigos. Estava bem vestido e usava uma coroa fina de prata. Sobre seu olho esquerdo havia um tapa-olho negro e não carregava armas, além de uma adaga presa ao cinto.

"Finalmente chegaram!" Urrou Kraig

Seu pai fitou o grupo por alguns instantes. Arannis e os demais comprimentaram Kraig e este se encarregou de apresentá-los.

"Meu rei, estes são meus amigos, a Ordem da Liberdade. Eles vieram ajudar nossa cidade contra o inimigo." Disse Kraig

"Espero que sejam tudo o que meu filho disse que são, aventureiros. Precisamos de mais armas e mais braços fortes para empunhá-las contra os elfos de pele negra dos infernos!" Disse o rei com uma voz parecida com um trovão

"Viemos ajudar, majestade. Vamos fazer o que pudermos para tal." Disse Arannis fazendo uma reverência

Os demais ficaram em silêncio e fizeram uma reverência pois, além de estarem diante de um rei, Baltok Mão de Machado era imponente.

"E nós somos os melhores naquilo que fazemos!" Disse Soveliss, ao que Kraig gargalhou incontrolavelmente

terça-feira, 22 de março de 2011

Penas e Escamas

"Morra inseto! Graaaaaa!!!" Berrou Mikal, ou o que parecia ser o bárbaro trazido de volta à vida, enquanto saltava com seu enorme machado na direção de Ecniv

O gnomo estava de espada em punho e sorriu quando desviou-se do golpe no último segundo, desferindo um ataque às costas do bárbaro.

"É só isso?" Disse Ecniv zombando

Mikal atacou novamente mas Ecniv havia desaparecido. Em seguida, o Gnomo ressurgiu, atacando-o. O golpe cortou parte da coxa do enorme guerreiro. Então, Ecniv transformou-se num raio e saltou pelas pedras em direção a Ania, atingiu a clériga no braço ao voltar à sua forma normal e logo era um raio novamente, saltando na direção do gythzerai, que estava sobre uma grande rocha. Em pleno ar, o raio transformou-se novamente em Ecniv e este atacou o mago com sua espada, porém, o golpe foi perdido pois o inimigo recuou por reflexo. Ecniv pousou em segurança nas rochas e sorriu. Estava orgulhoso de seu treinamento. Agora ele não era apenas um bardo, era também um guerreiro arcano.

"Nos encontramos novamente, elfa. Desta vez vou fatiar você."Disse Pesadelo, o drow, enquanto saltava na direção de Adrie.

A druida estava com medo. Muito medo. Porém, sabia que em algum momento teriam que enfrentar Pesadelo e seus asseclas. Adrie apertou os punhos e então se transformou em lobo, desviando-se do ataque do guerreiro de armadura negra. Pesadelo gargalhou dentro do elmo de caveira e atacou novamente, desta vez atingindo Adrie no flanco esquerdo. A elfa em forma de lobo ganiu e foi arremessada alguns metros para o lado. Pesadelo virou-se para atacar e então sentiu uma pancada fortíssima nas costas. Era Arannis.

"Me enfrente, drow!" Disse o paladino com o rosto coberto pelo elmo alado

"Com prazer, eladrin...com prazer..."Respondeu Pesadelo ao revidar o ataque

Soveliss estava de frente para Espectro, o assassino drow. Por alguns segundos os dois se encararam e então a figura de negro envolta em sombras falou.

"O que foi eladrin. Medo?" Disse ele

"Não. Não tenho medo. Estava analizando você. Tem algo errado com seu sotaque. Você não é drow." Disse o mago sorrindo

"Tem razão. Não sou. Mas posso ser um eladrin metido também." Respondeu Espectro e nesse mesmo instante mudou de forma, transformando-se numa cópia exata de Soveliss

"Transmorfo." Disse Soveliss "Eu imaginei algo mágico mas pelo visto é uma habilidade natural."

"Cale a boca imbecil. Vou matar você." Disse Espectro atacando com suas kukris

Soveliss sorriu e teleportou-se para longe em seguida disparou uma serpente de eletricidade e veneno. Era um de seus golpes preferidos. A magia atingiu Espectro em cheio e este recuou, entrando nas sombras para ressurgir perto de Adrie que se recuperava do golpe desferido por Pesadelo.

"Malditos! Não me disseram que eles eram rápidos assim!" Gritou o gythzerai ao ver o ataque de Ecniv "Vão queimar por isso!" Berrou ao lançar uma bola de fogo sobre Arannis, Adrie, Pesadelo e Espectro

A explosão afetou os quatro. Adrie estava muito ferida e Arannis aguentou firme. Pesadelo mal sentiu a bola de fogo e Espectro teleportou-se pelas sombras para longe a tempo.

"Imbecil! Ataque os inimigos!" Gritou Ania irritada

"Sim senhora!" Respondeu ele. "Vadia..."Resmungou

Nesse exato momento, Keyra surgiu atrás dele e rasgou seu tornozelo. Em seguida, a meio-elfa saltou, dando uma cambalhota em pleno ar e caíndo suavemente ao lado de Mikal. Ela sorriu e enfiou sua espada na barriga do bárbaro de onde sangue negro jorrou. Keyra então esquivou-se de um ataque e desapareceu nas pedras atrás do grupo inimigo.

Soveliss viu a bola de fogo arremessada pelo mago inimigo e sorriu. "Dois podem jogar este jogo, gyth." O mago eladrin então conjurou uma esfera flamejante que explodiu sobre o inimigo. Este, atordoado e ferido por Keyra, olhou para Ania e Pesadelo e segurou um amuleto que levava preso ao pescoço. "Eu não vou morrer aqui! Não estão pagando o suficiente!" Com essas palavras, o mago arrancou o amuleto e desapareceu instantaneamente.

"Não se fazem mercenários como antigamente. Eu vou matar esse desgraçado." Disse Pesadelo enquanto atacava Arannis

O paladino de Avandra se defendia ao mesmo tempo dos ataques poderosos do drow e das magias de Ania. Arannis não falava muito em combate. Gostava de observar as táticas inimigas e então tomar suas decisões. Agora, ele estava servindo de alvo para que Adrie pudesse recuperar-se e contra-atacar.

Enquanto isso, Keyra percorria o campo de batalha escondida. Ninguém a vira atacar e ela estava posicionando-se bem. Então, saltou nas costas de Ania cravando sua adaga mágica e fazendo um corte terrível nas costas da clériga que gritou de dor. Keyra estava séria. Não queria ferir Ania mas seus amigos estavam sempre em primeiro lugar.

"Eu sabia que você ia atacar pelas costas. Vou acabar com você, Keyra!" Gritou Ania

Mikal estava tentando se manter de pé e enfrentar Ecniv mas o ataque de Keyra o ferira gravemente. Então, uma adaga arremessada pela ladina atingiu as costas do bárbaro e este caiu de joelhos enquanto a arma mágica retornava às mãos de Keyra, que se esquivava habilmente dos golpes de Ania.
O bárbaro então rosnou na direção de Ecniv e arrancou o amuleto que usava e, assim como o mago gythzerai, desapareceu em pleno ar.

A Ordem da Liberdade estava vencendo. Ania percebeu isso e desviando-se de um ataque de Adrie, agora recuperada, chegou perto de Pesadelo e deu a ordem.

"Recuar!" Gritou. "Nos encontraremos novamente, heróis." Disse ela cuspindo a última palavra

Ela e o drow desapareceram ao arrebentar os cordões no pescoço. Espectro simplesmente desapareceu nas sombras da floresta.

Adrie estava ofegante, ainda em sua forma de lobo, com sangue no focinho. Soveliss estava limpo, como sempre, graças a um truque arcano. Detestava ficar sujo de sangue ou fuligem. Ecniv se mantinha sorridente sobre uma pedra pois não havia sofrido quase nada.
Keyra estava sentada no chão. Olhava para onde Ania estivera, pensativa e ofegante. O combate não havia sido dos mais difíceis mas por alguns instantes Keyra havia pensado que talvez fosse o último combate da Ordem da Liberdade. Ela teve medo de morrer.

"Todos bem?" Perguntou Arannis retirando o elmo

Os demais confirmaram. Por alguns instantes haviam pensado que seriam derrotados mas estavam ali, vivos e bem. Haviam vencido um grupo poderoso sob o comando de Agrom-Vimak.

"Temos que continuar. Descansaremos depois. Não sabemos se eles podem voltar logo." Disse Adrie

Todos concordaram e começaram a procurar pelo caminho secreto descrito por Kubik. Por algumas horas, o pequeno goblin os levou por caminhos na rocha e escaladas curtas. Ao cabo de quase meio dia de caminhada, os aventureiros encontraram o que parecia uma escada natural. Kubik os guiou até o topo onde um túnel os levaria até o local onde a tribo do goblin costumava caçar filhotes de pégaso para comer. Depois de alguns minutos na escuridão, o caminho abriu-se revelando um plateau com pasto e duas pequenas árvores. No lugar, perto do precipício, uma manda de mais de vinte pégasos pastava.

Os aventureiros não conseguiam acreditar no que seus olhos viam. Os animais alados eram magníficos e pastavam tranquilamente naquele lugar escondido de todos.

"São belas criaturas" Disse Adrie

"Sim...nunca imaginei...que fossem tão bonitos." Comentou Keyra

Os demais sorriram e sentiram uma calma penetrar seu corpo. Estavam diante do seu objetivo naquela busca e não conseguiam deixar de admirar os majestosos animais.

Então, uma enorme sombra cobriu o lugar e os pégasos entraram em pânico. A manada alçou vôo mas dois pégasos foram esmagados por um enorme dragão verde. Era um monstro enorme, cheio de cicatrizes. O dragão devorou metade de um dos cavalos alados abatidos. A outra carcaça estava sob sua enorme pata com garras do tamanho de espadas longas.

O dragão então se lançou na direção do abismo e partiu, levando consigo o resto do primeiro pégaso. Os heróis estavam bem ocultos no túnel e demoraram um pouco para sair. Estavam em silêncio. O terrível monstro havia espantado a manada e não havia nada que pudessem fazer. Mais uma vez o destino havia tirado o pégaso do caminho da Ordem da Liberdade.

"Don, vá atrás dele!" ordenou Ecniv ao seu familiar e a ave negra e branca partiu. Os olhos do gnomo se transformaram e este sorriu, pois agora enxergava tudo no caminho de Don.

Enquanto isso, Adrie sentou-se perto das árvores e começou um ritual para comunicar-se com os espíritos do local. Teve resposta às suas perguntas e agradeceu a Melora por isso.

"Ele vai voltar. Nós podemos derrotá-lo" Disse a elfa

"E vamos. Em nome de Avandra, vamos vencer esse dragão." Disse Arannis

O grupo passou o resto da noite dormindo no túnel, tomando cuidado. O pássaro de Ecniv havia visto o local onde ficava o covil da fera verde e os aventureiros sabiam que o monstro iria caçar ao amanhecer ou ao pôr do sol. Portanto, estariam preparados.

Na aurora a criatura apareceu. Havia pousado na encosta da montanha e parecia estar esperando por suas presas. Os heróis estavam ainda no túnel e estavam decidindo como iriam atacar. Porém, estavam demorando demais e Adrie perdeu a paciência. Num rompante de impulsividade, a druida deixou o abrigo e se mostrou diante da criatura, segurando seu arco longo.

"Vem me pegar, maldito." Disse ela baixinho

O dragão rugiu e atacou. Adrie disparou uma flecha que não causou ferimento algum e conseguiu esquivar-se do primeiro ataque por milagre. O dragão passou voando e fez a volta no abismo à esquerda da elfa. O resto do grupo saiu correndo para ajudá-la. Porém, Adrie estava calma e sem demonstrar temor algum transformou-se em corvo e voou na direção do dragão. No último segundo antes do impacto, rodopiou no ar e ficou acima da criatura, então, transformou-se em elfa novamente e caiu sobre o dorso do dragão verde.

Adrie segurou-se com força enquanto o dragão tentava livrar-se dela. A elfa sacou as rédeas mágicas compradas em Ilíria para capturar o pégaso e tentou colocá-las no dragão. A primeira tentativa foi frustrada. O grupo se posicionou para enfrentar o monstro e Keyra arremessou uma adaga que o atingiu de leve mas chamou sua atenção.
Então, respirando fundo, Adrie tentou novamente e desta vez as rédeas se agarraram ao monstro, adequando-se ao seu tamanho. Adrie puxou as rédeas e invocou a palavra mágica do item. O dragão foi compelido a pousar e ficou parado contra sua vontade.

Por mais que o monstro se esforçasse, as rédeas mágicas haviam sido feitas para domar qualquer criatura. Adrie estava montando o monstro e sorria orgulhosa. Os demais, vendo que estava tudo sob controle, se aproximaram.

"Arannis, posso ficar com ele?" Disse a elfa imitando a voz de uma criança

terça-feira, 15 de março de 2011

A Estrada dos Sonhos

"À Ordem da Liberdade, aos amigos, famílias e aliados." Disse Arannis de pé, com uma taça de vinho na mão

"À Ordem da Liberdade!!!" Gritaram todos os presentes à mesa do banquete do lado de fora da torre de Mechin

A Ordem da Liberdade compartilhavam a mesa com Hans, Murmur e os jovens aventureiros que agora seguíam os ideais do grupo: Azamarul o mago, Cristalis, Salastas o clérigo de Kord, Garnet o paladino de Bahamut, Golik o anão guerreiro e Tassia a ladina. Alguns dos serviçais contratados por Ecniv enchiam os copos e traziam pedaços de cordeiro assado e grandes porções de batatas assadas.

Arannis discutia com Ecniv e Keyra o que deveriam fazer a seguir. Ele estava empenhado na idéia de procurar um pégaso para ser sua montaria e mesmo com o longo desvio promovido por Utua, o viajante, continuava firme em seu propósito. Soveliss estava cabisbaixo e brincava com sua comida, pensativo. Adrie estava ao lado de Keyra, ouvindo e opinando de tempos em tempos.
Soveliss olhou na direção de Hans que agora fazia disputava uma queda de braço com Golik. As atenções da mesa se voltaram para essa disputa e a surpresa maior foi quando o grandalhão foi derrotado pelo anão.
Todos riram do momento, inclusive Hans. Mas Soveliss estava em outro lugar.

Então uma voz se ouviu. Era Damara.
Ela estava parada, ao lado de Soveliss, numa imagem difusa. Era uma mensagem arcana. Damara estava com o braço imobilizado, provavelmente quebrado e ao seu lado estava Kraig com uma atadura sobre o olho esquerdo.

"Soveliss. As coisas não estão bem. A cidade dos anões está sob ataque. Drows. Muitos deles. Precisamos de ajuda. Estou bem. Sinto sua falta, Soveliss." Disse ela no limite de vinte e cinco palavras que o ritual proporcionava e então desapareceu.

Soveliss levantou-se e olhou para seu irmão. "Arannis...ela precisa de mim. Precisa de nós, da Ordem."

"Calma irmão. Temos que pensar no que fazer." Respondeu o paladino

"Calma? Ela está ferida e Kraig também. Somente Corellon sabe o que mais pode ter acontecido!" Disse Soveliss invocando o nome da divindade élfica, o que fazia raramente

"Calma. Sim. Vamos pensar nisso até amanhã. Não adianta sairmos daqui sem um plano." Disse Arannis colocando sua mão direita sobre o ombro de Soveliss. "Amanhã. Confie em mim." Completou

Depois do banquete, a Ordem da Liberdade espalhou-se pela torre de Mechin. Ecniv dormiu no topo da torre, pensando em planos para Mechin, que ele costumava chamar de 'fortaleza' de Mechin.

A noite foi agitada pois os aventureiros tiveram sonhos perturbadores.

Keyra se viu num túnel quase interminável. Depois o caminho se abria e duas meninas loiras, gêmeas, apareciam. Em seguida, uma delas ficava para trás, chorando, enquanto a outra avançava em sua direção, ficando mais velha, até se tornar adulta. Então, a jovem loira com um olhar terrível estendeu sua mão na direção da ladina e disse "Finalmente!".

Arannis sonhou algo parecido. Mas em seu sonho, quem surgia era um guerreiro selvagem de cabelos e barba vermelha, com um machado nas mãos e feridas por todo o corpo. Este apontou para o paladino e disse "Vingança!".

Ecniv, dormindo ao relento no alto da torre, sonhou com um caminho apertado e escuro. No fim deste, Vince, seu irmão gêmeo, surgiu e disse "Morra!".

Soveliss sonhou com Damara. Esta parecia muito ferida. No fim, depois de um longo caminho até ela, sua imagem mudava e esta se transformava em Agrom-Vimak que abriu os braços na direção do mago e disse "Fuja!".

Adrie sonhou com um túnel escuro que parecia descer cada vez mais até o mundo subterrâneo. No fim do caminho surgiu o drow conhecido por ela como Pesadelo. Este sorriu e disse "Bu!". Ela acordou com medo. Pesadelo sabia que Adrie o temia. Disso a elfa tinha certeza.

No dia seguinte, os aventureiros partiram deixando instruções com Hans e Murmur. Azamarul e seus companheiros emprestaram cinco cavalos aos heróis e estes deixaram Mechin logo pela manhã. Os aventureiros pouco falaram durante a primeira parte da viagem, ainda com as imagens dos pesadelos em suas mentes. Depois de um tempo, Arannis reuniu forças e comentou seu sonho com os demais. Logo estavam todos falando sobre suas experiências, bastante preocupados. O clima se tornou pesado e Adrie sentiu que devia fazer algo para mudar de assunto.

"Para as montanhas. Os pégasos costumam ficar lá."Disse ela andando à frente. Em seguida a druida transformou-se em lobo e correu adiante

Os aventureiros sabiam que os cavalos alados eram comuns nas montanhas além da Floresta Castanha mas quando Kubik, o goblin, disse que sabia exatamente onde encontrá-los, Arannis imaginou que isso seria um sinal de que Avandra os estava guiando na direção certa.
A viagem pelas pastagens de Ilíria até o sul da Floresta Castanha era tranquila. Nada além de alguns rebanhos e fazendas isoladas, colinas verdes e pequenos bosques. Dois dias depois já era possível vislumbrar a enorme floresta e as montanhas azuladas ao longe.

Adrie avistou alguém andando adiante e transformou-se em corvo para investigar. A elfa passou voando por cima de um homem que caminhava sozinho, em direção da floresta. Não parecia estar armado, a não ser pelo cajado de caminhada que levava consigo. Adrie retornou e, transformando-se em elfa novamente, disse aos seus amigos o que havia visto.
O grupo continuou até alcançar o viajante que os cumprimentou.

"Bom dia." Disse ele sorrindo. Era um homem baixo, de cabelos castanhos e rosto limpo. Vestia-se com simplicidade e levava consigo apenas uma mochila.

"Bom dia." Responderam os aventureiros seguindo em frente

Em alguns minutos, o viajante não passava de um ponto no horizonte.



O sol estava quase desaparecendo quando os aventureiros chegaram à orla da floresta. Não estavam muito cansados mas decidiram acampar e entrar na antiga Floresta Castanha somente ao amanhecer. Todos foram dormir e Arannis ficou de guarda. Depois de algumas horas, o paladino ouviu passos e preparou sua espada mas viu que se tratava do mesmo viajante que haviam encontrado horas atrás.

"Boa noite. Desculpe chegar assim, em silêncio. Eu vi vocês acampados e decidi aproximar-me. Uma fogueira e companhia numa noite fria no meio do nada são coisas bem vindas." Disse o homem

Arannis analizou o viajante por alguns instantes e concluiu que este não representava ameaça. "Por favor, sente-se. Estou no turno de guarda e conversar seria ótimo." Disse ele.

O homem sentou-se ao lado de Arannis e comeu pão de viagem. O eladrin lhe ofereceu uma maçã e o estranho aceitou prontamente. O silêncio imperou por alguns instantes e então o paladino decidiu perguntar.

"O que faz por aqui sozinho? Tem negócios na floresta? Com os elfos talvez?" Perguntou

"Não não. Meu caminho me leva para a Floresta Castanha mas sou um andarilho. Vou para onde os ventos me levam e a sorte me guía." Respondeu o homem com a boca cheia

"A sorte?" Perguntou Arannis

"Avandra. Sou grato a ela pelos caminhos que escolhe ao acaso para mim. Vejo que é um seguidor da divindade dos viajantes." Disse o homem apontando para o símbolo de Avandra no pescoço de Arannis

"Sim mas eu não entendo como alguém pode viajar assim, desarmado, sozinho, apenas confiando na sorte." Disse Arannis

"Meu caro, talvez você deva acreditar mais nos preceitos de sua divindade. Ela é a sorte, a estrada e os ventos. Deixe-se levar." Disse o viajante sorrindo

Arannis pensou por alguns instantes e então olhou para o homem. este estava de pé, guardando o resto de pão na bolsa que levava.

"Já vai?" Perguntou o paladino surpreso

"Sim sim. Meu caminho é longo e é chegada a hora. Tome, espero que seja útil em sua jornada." Disse o andarilho entregando-lhe um embrulho de pano "É um presente simples mas sincero." Disse este apertando a mão do eladrin.

O viajante foi embora, desaparecendo na escuridão. Arannis ficou olhando naquela direção por alguns instantes e então abriu o embrulho de pano. Dentro estava um medalhão de madeira entalhada com o símbolo sagrado de Avandra. O paladino sorriu, e fitou o pequeno objeto por um bom tempo. Para ele, era um sinal.




Estava amanhecendo quando a Ordem da Liberdade entrou na antiga floresta. Adrie ia na frente pois conhecia grande parte do caminho. Kubik ia ao seu lado pois havia nascido naquela região e também a conhecia. Os demais, seguiam com os cavalos numa fila longa. A floresta era escura e as grandes árvores e o som das criaturas silvestres fizeram com que Adrie se sentisse em casa pela primeira vez em meses. Ela caminha, às vezes em forma de lobo, às vezes em sua forma élfica. Estava feliz por estar em casa, mesmo que fosse apenas uma questão de tempo até deixarem a Floresta Castanha.

O grupo seguiu por uma trilha que os levou para perto das Ruínas Brancas, um local assombrado pelo qual o grupo havia passado em suas primeiras aventuras. Todos pararam menos Ecniv. O gnomo olhou para trás enquanto os demais observavam as ruínas antigas relembrando o passado.

"Ruínas. Estão pensando em explorá-las? Eu até gostaria mas acho que temos pressa." Disse ele

"Estas ruínas. Nós já as exploramos. Muito tempo atrás, antes de conhecer você, quando...quando Medrash ainda estava conosco." Disse Keyra

"Sim. Muito tempo atrás, um ano ou mais talvez." Disse Soveliss pensativo

"Vamos. Este lugar ainda é perigoso." Disse Arannis passando por eles em seu cavalo

Dias depois os aventureiros chegaram a Duaspedras. Todos sorriram ao rever o vilarejo onde haviam se tornado um grupo de aventureiros. Estava exatamente como o haviam deixado. Pacífico e seguindo sua vida normal, independente dos eventos que assolavam o reino. Uma figura conhecida, com apenas uma perna e uma velha muleta de carvalho surgiu na rua principal da aldeia.

"Bom dia Ben." Disse Arannis sorrindo

"Ora se não são os nossos heróis!" Disse o líder de Duaspedras batendo gentilmente no pescoço do cavalo do paladino "O que os trouxe até aqui, meus amigos?"

"Estamos apenas de passagem. Vamos para as montanhas. Como estão as coisas aqui? Alguma novidade?" Perguntou o paladino

"Tivemos um grupo de sulistas que tentou saquear a aldeia mas uns aventureiros estavam por aqui e tudo ficou resolvido." Disse Ben

"Fico feliz. Precisamos seguir nosso caminho e acho que um pouco de água do poço da aldeia nos será bem útil." Disse o eladrin descendo do cavalo

"Arannis, acho que talvez seja melhor deixar os cavalos aqui. O caminho até as montanhas é mais complicado." Disse Adrie

"Tem razão. Ben, quer umas montarias um pouco cansadas?" Perguntou Arannis

"Não posso aceitar, meu caro. Mas se quiser, podem deixá-las aqui e pegá-las na volta." Respondeu o camponês

"Certo. Obrigado. Vamos pegar água no poço e seguir nosso caminho. Obrigado mais uma vez Ben." Disse Arannis

O grupo deixou Duaspedras ainda com vontade de descansar no Dragão Hébrio, a única taverna e hospedaria da aldeia. Horas depois estavam no meio da Floresta Castanha novamente. Depois de mais alguns dias, o grupo chegou perto das montanhas. A jornada havia sido longa mas tranquila. Foi então que, numa noite, todos tiveram o mesmo sonho.

Estavam todos juntos, numa longa estrada no meio do nada. Podiam falar uns com os outros e estavam conscientes de que aquilo era um sonho. Seguiram pela estrada de terra até uma bifurcação. Um caminho continuava tranquilo, com a estrada bem feita e marcada no meio do pasto. O outro descia tortuoso por uma trilha íngreme e cheia de pedras. Entre as duas estradas havia um poste de madeira com pequenas placas contendo o nome de cada um dos membros da Ordem da Liberdade. Cada placa tinha duas pontas em forma de setas indicando para os dois caminhos.

"Temos que escolher." Disse Adrie

"Sim...mas qual caminho?" Perguntou Soveliss olhando para seu irmão

"O mais fácil ou o mais tortuoso?" Perguntou-se Arannis

"Porque não vamos pelo do meio, ora?" Disse Ecniv rindo "É só um sonho!"

Subitamente, uma voz familiar foi ouvida pelos aventureiros e ali, ao lado deles estava o andarilho. "Escolhas são difíceis não é? Que caminho seguir? O que dizer? Tantas perguntas e tantas respostas diferentes..." disse ele

O homem estava tranquilo e sua voz pareceu confortar os corações dos membros da Ordem da Liberdade. "Não posso influenciar vocês. Escolham o caminho e deixem que a sorte diga se foi a escolha certa ou não."

Keyra permanecia em silêncio enquanto os demais argumentavam. Então tomou sua decisão. Pegou uma de suas adagas e a jogou para o alto. A ponta caiu na direção do caminho mais difícil.

"Eu vou por aqui. Vocês vão me seguir?" Disse a ladina entrando na trilha ruim.

"Viram? Nunca é tão difícil assim. Boa escolha." Disse o andarilho, desaparecendo lentamente no ar

Automáticamente, a placa com o nome de Keyra ficou com apenas uma seta, a que apontava na direção escolhida. os demais olharam para a meio-elfa e a seguiram. Somente Ecniv ficou em dúvida por alguns minutos.

"Você vem?" Perguntou Soveliss

"Certo...estava só pensando em alternativas." Disse o gnomo unindo-se ao grupo

A Ordem da Liberdade continuou pela trilha, tropeçando de tempos em tempos. Logo a estrada transformou-se num túnel escuro. Ninguém além de Adrie enxergava à frente tochas ou bastões solares não funcionavam. Os aventureiros deram as mãos, com Adrie guiando-os pelo túnel de pedra. O caminho se parecia com todos os que haviam aparecido nos sonhos de cada um. Estavam claramente com medo de encontrar as pessoas vistas em seus respectivos pesadelos.

Porém, depois de uma longa caminhada, o grupo chegou ao fim do túnel. Uma porta se abriu e estes estavam num campo verde interminável. Um homem em armadura vermelha com longos espinhos nas ombreiras e um elmo terrível os aguardava.

"Agrom-Vimak!" Gritou Arannis

Os aventureiros sacaram suas armas mas foi Adrie quem agiu primeiro. Uma flecha de seu arco longo cruzou o ar e atingiu Agrom-Vimak no peito. Este pareceu surpreso ao retirar seu elmo demoníaco. O vilão olhou na direção do grupo e sua armadura desapareceu quando seu elmo caiu no chão ruidosamente. A flecha em seu peito se desfez no ar em seguida. Era apenas um homem, um camponês de cabeça raspada e olhar tranquilo.
Agrom-Vimak caiu de joelhos e sorriu.

"Obrigado..." Disse ele antes de cair morto

Então os aventureiros despertaram. Estavam de volta ao seu acampamento.

"O que foi aquilo?" Perguntou Ecniv assustado

"Não sei mas vamos descobrir." Respondeu Arannis

Horas depois quando estavam quase chegando às montanhas, o pensamento do grupo estava fixo no sonho que tiveram. Talvez isso tenha feito com que não percebessem a emboscada.
Das sombras surgiu um drow com duas kukris, as adagas curvas. Este saltou sobre Soveliss e o feriu no ombro. Era Espectro, o assassino.
Acima, nas pedras das montanhas estava um drow com um elmo de caveira negra.

"Pesadelo..."Disse Adrie baixinho sem esconder seu medo

Uma outra figura com armadura de metal surgiu nas rochas. Era uma jovem de cabelos loiros e olhos azuis. Tinha uma aura terrível e carregava o símbolo de Bane no peito. Ao seu lado estava um homem alto e forte vestindo peles de lobo e urso. Tinha barba e cabelos vermelhos e olhos mortos. Seu machado pingava sangue.
Atrás deles, numa distância segura, estava um gythzerai que claramente era um mago, considerando a varinha mágica em sua mão esquerda.

Os aventureiros demoraram alguns segundos para reconhecer o bárbaro com o machado.

"Mi...Mikal?" Perguntou Arannis "Mas você morreu há um ano! Que aberração demoníaca é essa?!"

"Eu mesmo...vocês me deixaram morrer, aventureiros. Agora me trouxeram de volta para matar vocês!" Disse ele gargalhando

Arannis encarava a clériga de Bane e por alguns segundos pareceu querer desistir da luta.

"Ania. Nós deixamos você num lugar seguro...Nós pedimos que ouvisse a razão."Disse Keyra triste. "Nós queriamos que deixasse a vingança de lado." Completou

"Seguro? Me deixaram longe da minha vingança! Me deixaram para ser transformada num cordeirinho!" Gritou a mulher

"Você era uma criança!" Interrompeu Keyra "Você...você...como você ficou mais velha que eu?"

"Não importa, 'ordem da liberdade'. Hoje terei minha vingança e cumpriremos as ordens de nosso mestre." Disse Ania

"Hoje, pelo poder de Bane e em honra a Agrom-Vimak...vocês morrerão!" Disse a clériga de Bane enquanto seus companheiros se lançavam em direção aos heróis.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Os Intrépidos Fugitivos

"Você, coisa miuda, esbarrou em mim! Devolve meu dinheiro!" Urrou o minotauro puxando Soveliss pelo colarinho

"Olha, você está redondamente enganado. Eu não peguei nada." Respondeu o eladrin calmamente enquanto seus pés deixavam de tocar o chão naquele beco de Sigil

"Meu dinheiro! Aproveitem e nos passem tudo que têm!"Disse o minotauro enquanto seus companheiros se aproximavam de Sovelisse Adrie

"Nós não pegamos nada, criatura...deixe-nos passar."Disse Adrie segurando seu totem, preso ao pescoço por uma tira de couro

Soveliss sorriu e chutou o minotauro entre as pernas. Não foi um grande estrago mas fez com que a criatura o soltasse. O eladrin recuou até Adrie e sorrindo disse:

"Já falei...não mexa comigo ou minha amiga. Nós somos os melhores naquilo que fazemos!"

Em seguida, Soveliss teleportou-se para um telhado, fora do alcance dos três minotauros. Adrie preparou-se para a luta e os três inimigos avançaram.




Keyra, Arannis estavam preocupados por haver perdido Soveliss e Adrie ans ruas confusas da Cidade das Portas. Estavam fazendo compras, equipando-se para o resgate dos amigos de Utua. Haviam visto coisas bizarras na cidade no espaço astral, como a criatura cheia de tentáculos e bocas que os havia atendido numa loja de itens mágicos ou os demônios e criaturas não-humanóides que viam pelas ruas.
A dupla caminhava por um dos becos de Sigil quando ouviram sons de combate. Ao virar a esquina viram três minotauros atacando Soveliss e Adrie. Um deles estava muito ferido e Soveliss sorria de cima de um telhado.

"Hey! Minotauro! Para bater em meu irmão, você tem que passar por mim!"Gritou Arannis

"Como quiser, elfo!"Respondeu o minotauro que correu na direção do paladino empunhando um machado

Arannis apenas deu um passo para o lado e em seguida sua espada desceu, decepando o braço da criatura que ganiu como um cão.

"Peguem seu amigo e sumam!"Gritou Arannis

Os dois minotauros correram para pegar o ferido e deixaram o beco com os olhos voltados para o paladino de Avandra.

"Disse para não mexerem comigo!" Gritou Soveliss enquanto os minotauros desapareciam nas ruas de Sigil.




"Tudo bem? Nenhuma condfusão, acretido?"Perguntou Utua quando os aventureiros chegaram à sua casa

"Nenhuma com que não pudessemos lidar."Disse Arannis com um olhar reprovador na direção de seu irmão "Estamos prontos para resgatar seus amigos, Utua." Completou o paladino

"Nesse caso, devo avisar dos possíveis problemas. Não nos teleportaremos daqui mas sim de um lugar aleatório de Sigil. Vamos aparecer no nível da prisão onde enfrentei o beholder. Eles devem ter reforçado a guarda, então esperem resistência forte. Lá há um portal. Preciso que mantenham os guardas longe enquanto aciono o mesmo. Uma vez aberto, esqueçam a guarda e corram para atravessar."

"Esquecer?"Perguntou Keyra

"Sim. O objetivo não é matar ou morrer. É ganhar tempo para mim enquanto abro os portais. Uma vez cruzando o primeiro, haverá outro. Mais guardas. Depois, um último teleporte para o nível da prisão onde estão meus companheiros. Lá haverá muita resistência. Porém, uma vez que libertemos os dois, acionarei minha esfera de teleporte, que já está devidamente programada para tirar-nos de lá."

"E para onde iremos?"Perguntou Soveliss bastante interessado

"Saltos aleatórios. Vamos ficar segundos em cada mundou ou plano. Tudo para despistar os rastreadores da prisão. O último salto espacial nos trará de volta a Sigil. Então nos separaremos. Vocês voltarão para seu mundo e eu e meus amigos para o nosso." Respondeu Utua

"Por falar nisso, você mencionou chaves para os mundos. Disse que nos daria uma para chegarmos ao nosso."Disse Keyra

"Sim claro! Aqui está!"Disse Utua entregando uma colher de madeira à ladina

"Uma colher?"Perguntou Keyra desconfiada

"Sim. As chaves de Sigil são sempre estranhas, incomuns ou simplesmente banais. O portal que encontrei para seu mundo fica no forno de uma taverna chamada Caneca Fria." Respondeu o mago empolgado

"Forno?!"Perguntaram todos

"Sim, é um forno comum. Mas se vocês baterem três vezes na porta de ferro com a colher, o portal será ativado. Daí, basta entrar no forno que vocês serão transportados para algum lugar de seu mundo."Disse Utua

"Para onde, exatamente?"Perguntou Arannis

"Hum...coisa de trezentos a quatrocendos quilômetros ao redor do lugar onde encontrei vocês."Respondeu Utua sorrindo

A Ordem da Liberdade se entreolhou e então Arannis falou.

"Muito bem mago. Vamos resgatar seus amigos."






Ecniv olhava fixamente para o painel da máquina de viagens interplanares. Ao seu lado, Azamarul lia as instruções encontradas num pergaminho bastante antigo.

"O senhor deve definir o destino usando essas alavancas e botões. No fim, basta puxar a alavanca maior." Disse o mago

"Sem garantias de funcionar...sem garantias de sair vivo de um plano bizarro..."Resmungou Ecniv enquanto examinava a alavanca maior "Ela sai. É como se fosse uma chave." Disse, tirando a alavanca de dentro do painel

"Pelo mapa no pergaminho, o último lugar visitado foi Sigil, a Cidade das Portas." Disse Azamarul

Ecniv observou o mapa e depois olhou para o mago humano.

"Acho que só tem uma maneira de descobrirmos se esta coisa funciona. Vou testá-la. Se algo me acontecer, sabe como encontrar a Ordem da Liberdade. Certo?"

"Sim. Estarei a postos." Respondeu ele

"Muito bem...seja o que Avandra quiser." Disse Ecniv puxando a alavanca.

A máquina estalou e os controles feitos de metal brilharam. Runas mágicas na armação metálica brilharam e a roda com cristais na trazeira do aparelho começou a girar. Então, a máquina foi envolvida por uma energía esbranquiçada e Ecniv viu Azamarul e o laboratório desaparecer.
Instantes depois, a máquina parecia pairar em meio a uma mar de estrelas e explosões coloridas. Ecniv estava maravilhado.
Então, com outro estalo, a máquina parou. Ecniv estava agora num beco, numa cidade estranha.

O gnomo desceu da máquina e deixou o beco movido por sua tão famosa curiosidade. Não esqueceu-se, porém, de retirar a chave e levá-la consigo. As ruas de Sigil eram caóticas. Criaturas fascinantes perambulavam pelas vielas e avenidas abarrotadas de casas estranhas. Ecniv caminhava, olhando para tudo e anotando o máximo de informações que podia. Virou numa rua movimentada e continuou escrevendo. Então, topou em alguém.

"Olhe por onde anda!" Disse ele sem olhar pra cima.

"Ecniv?! Como em nome de Corellon?!" Disse uma voz familiar

O gnomo olhou para cima e viu Soveliss, com Bahamut, o pequeno pseudo-dragão albino, em seu ombro.

"Mas hein?!" Exclamou Ecniv assustado "O que você está fazendo em Sigil?!" perguntou rindo

"O que VOCÊ está fazendo aqui?!" Perguntaram Arannis, Keyra e Adrie

Keyra sorriu e abraçou o gnomo. "Não importa! É bom ver você!" Disse a meio-elfa

Utua apenas observava os cinco membros da Ordem da Liberdade reunidos.

"Ecniv, este é Utua. Ele nos contratou para salvar seus companheiros. Utua, este é Ecniv, um grande amigo e membro da Ordem da Liberdade." Disse Arannis

"Muito prazer Ecniv. Mas...como conseguiu viajar até Sigil?"Perguntou Utua intrigado

"Ah, simples! Com uma máquina que encontrei em nossas terras! Ela serve para viajar entre os planos e..." Disse ele empolgado enquanto Keyra olhava para ele fazendo sinal para que parasse

"Máquina de viagem interplanar? Fascinante..."Disse Utua

"Ecniv. Depois. Precisamos continuar com nossa missão. Vem conosco, suponho?" Perguntou o paladino de Avandra

"Claro! Aonde vamos?" Disse Ecniv sorridente como sempre

Utua sorriu e então pegou a esfera metálica dentro da bolsa. "Senhores. Creio que aqui é um bom lugar. Ninguém vem muito a esta rua. Vou nos transportar até a prisão. Lembrem-se, mantenham os guardas longe enquanto abro o primeiro portal. A prioridade é sair de lá o mais rápido possível."

Os aventureiros ficaram em silêncio enquanto a pequena esfera de metal se abria e brilhava intensamente. Segundos depois estavam num salão de paredes azuladas e grandes colunas. O teto era bastante alto e uma leve brisa soprava no lugar. O salão todo ficava suspenso no que parecia ser uma imensidão negra sem fim. Havia duas pontes que deixavam a plataforma onde a Ordem da Liberdade estava e seguíam, escuridão adentro.
Um arco brilhante com runas inscritas em sua base estava próximo de onde os aventureiros surgiram. Utua correu na direção do arco e começou a apertar pequenas runas que se acendiam.

"O que estão olhando? Fiquem alertas!"Gritou ele sem se virar quando o som de vento ecoou pela sala

Seis redemoinhos surgiram, vindos da escuridão no fim de duas pontes suspensas. Eram elementais do ar. Os guardas daquele nível da prisão.

"Vocês ouviram o homem! Nada de recuar e nada de perseguir inimigos. Só temos que segurá-los por algum tempo!" Gritou Arannis colocando seu escudo à frente

Os elementais atacaram furiosamente. Era difícil combatê-los pois as armas pareciam atravessá-los sem causar dano. Mesmo assim, os primeiros seis foram destruídos pela Ordem da Liberdade. Porém, mais dez surgiram.

"Vamos! O portal está aberto!" Gritou Utua saltando através do arco luminoso. Os demais o seguiram sem pestanejar.

A Ordem da Liberdade irrompeu numa sala pequena, abafada, quente. Utua estava do outro lado do portal, trabalhando para fechá-lo. Um corredor seguía em frente e o som de explosões cadenciadas despertou a curiosidade do grupo. Depois que o mago selou o portal, os aventureiros seguiram pelo corredor, que virou abruptamente para a direita. O longo e estreito caminho levava diretamente para outra sala iluminada mas havia um obstáculo. As paredes à frente tinham pequenas jóias vermelhas que chamaram a atenção de Keyra por um segundo. As jóias estavam posicionadas dos dois lados do corredor em alturas diferentes. Os rubis então brilharam e começaram a expelir labaredas que tocavam a parede oposta.

"Maldição. E agora?" Perguntou Ecniv

"Deve haver algo que desligue a armadilha. Mas com nossa sorte, deve ser do outro lado." Disse Soveliss sorrindo

"Armadilha. É...deixa comigo!" Disse Keyra. A meio-elfa parou alguns metros antes das chamas que surgiam num ritmo contínuo.

"Um dois...um dois três...um dois...um dois três quatro..."Murmurou a ladina enquanto contava os intervalos entre cada explosão.

"Keyra não!"Gritou Arannis mas era tarde. Keyra correu na direção das chamas e saltou, dando uma cambalhota, agachando-se para esquivarse da segunda chama e girando o corpo para fugir da terceira.

Era difícil enxergar a meio-elfa em meio às chamas mas esta rapidamente chegou ilesa ao outro lado com um sorriso no rosto.

"Ridículo!" Disse ela ao ver que havia passado pela armadilha sem sofrer danos. Então começou a procurar por algo que desligasse o dispositivo mas então notou que não estava sozinha na sala. Um azer, um anão do plano do fogo, a observava e sorria.

"Ridículo? Não vai dizer isso quando estiver toda queimada, bonitinha! por aqui vocês não passam!" Disse a criatura enquanto sua barba e cabelos brilhavam como labaredas vermelhas

"Droga..."Pensou Keyra em voz alta

"Não tema! Soveliss está aqui!" Disse uma voz ao seu lado

"Como?!" Perguntou Keyra surpresa

"Me teleportei, ora!" Respondeu o eladrin com o pequeno pseudo-dragão no ombro

Utua, que havia seguido Soveliss da mesma maneira, puxou uma alavanca na parede que fez com que as chamas parassem por segundos. Adrie, Ecniv e Arannis passaram correndo e chegaram à sala onde o guarda os surpreendera.

"Não queremos lutar. Só vamos passar."Disse o paladino de Avandra

"Ahhh mas vão ter que lutar pra passar por mim, elfo!" Disse o azer brandindo seu martelo de guerra em chamas. "Morka-har ban-haruk!" Gritou ele em primordial e então uma dezena de elementais de fogo de tamanhos diferentes surgiram na sala, cercando a Ordem da Liberdade.

"Utua! Abra o portal! Nós cuidamos deles!" Disse Arannis fazendo sinal para seus companheiros

O mago concordou com a cabeça e agachou-se. Havia um círculo com uma leve aura dourada. Eles estavam sobre os desenhos. Utua tocou o centro do círculo e começou a entoar palavras mágicas enquanto a Ordem da Liberdade o cercava, protegendo-o.

Os elementais atacaram. Um deles, uma criatura enorme feita de lava e pedras negras atacou Keyra que se esquivou fantasticamente. Ecniv saltou ao seu lado para lutar com a criatura que pareceu gargalhar por causa da diferença de tamanho entre ela e o gnomo.

Ecniv atingiu o monstro com sua espada cantante, causando pouco dano. Então o monstro mergulhou os punhos sobre o bardo que desapareceu debaixo da fúria ígnea do elemental. Socos e mais socos e Ecniv parecia ter desaparecido, afundado no chão. Keyra saltou e cravou a espada nas costas do elemental que parou de bater no chão para virar-se em sua direção. Então, milagrosamente, Ecniv levantou-se, um pouco sujo de terra e fuligem, colocou uma mão na cintura e balançou a espada na direção do elemental soltando um assovio longo.

"Ei, grandão! Ainda não terminei com você!" Disse Ecniv sorrindo e cuspindo saliva com cinzas na direção do monstro

Keyra e os demais não podiam acreditar que o gnomo havia sobrevivido ileso ao ataque da criatura.

A Ordem da Liberdade continuou lutando, mantendo os monstros afastados. Então, Utua fez um sinal e todos se reuníram ao seu redor. O azer estava irado e apontou na direção dos heróis. Um morcego de fogo saiu de seu ombro e atacou Keyra. A meio-elfa apenas preparou o golpe e então o teleporte aconteceu.

Um segundo depois e estavam todos em outra sala. O morcego de fogo, havia sido atravessado pela espada da meio-elfa e se desfazia em gotas de magma.

"Er...pessoal? Acho que agora vai ser mais complicado." Disse Adrie apontando para todos os lados.

Estavam num salão enorme com paredes que subiam até desaparecer. Centenas de nichos luminosos mantinham criaturas aprisionadas e diamantes enormes ao lado de cada uma das celas pareciam ser a chave para abrí-as.

Adrie continuava apontando. Não para as celas mas para a quantidade enorme de elementais do fogo, ar e terra que cercavam os heróis. Era o nível principal da prisão extra-planar e a Ordem da Liberdade estava em número infinitamente menor que os guardas.

"Utua?" perguntou Arannis nervoso

"Ali! Meus amigos estão ali!" Respondeu o mago apontando para duas celas "Vamos!" Gritou ao sair correndo naquela direção

A Ordem da Liberdade o caompanhou. Os elementais atacaram. Gárgulas sobrevoaram os heróis para então mergulhar na tentativa de agarrá-los. Soveliss usou uma magia e correu como um borrão extremamente rápido na direção da cela onde estava Alangdar. Apertou o diamante ao lado da porta cristalina e esta se desfez. Uma lança luminosa saiu do diamante, caindo ao lado da porta. Alagndar deixou sua prisão e olhou na direção do mago. Então, abriu suas enormes asas brancas e as penas brilharam como fogo. O anjo pegou a lança no chão e alçou vôo para enfrentar as gárgulas. Soveliss não conseguia conter seu assombro.

Adrie e Utua chegaram em seguida à outra cela e a abriram da mesma forma. Thakakhad saiu e pegou sua espada de duas mãos. O kalashtar parecia um humano bem mais alto que o normal e com feições bizarras. O filho de djinns sorriu ao ver Utua e falou numa língua estranha. O mago respondeu e deu um tapinha em suas costas segundos antes de um elemental atacar. Thakakhad aparou o golpe com sua espada e então partiu o elemental de fogo em dois com um golpe terrível.

"Arannis! Junte todos! temos que ir agora!" Gritou Utua

Os aventureiros se aglomeraram ao redor do mago e este sacou da bolsa sua esfera mágica de transporte. Apertou alguns botões e o grupo desapareceu, segundos antes de ser esmagado por bolas de magma arremessadas por elementais de fogo furiosos.

A viagem foi algo que os olhos dos aventureiros jamais experimentaram antes. Num piscar de olhos, o grupo estava numa pedra flutuante em um mundo etéreo onde criaturas voadoras mal repararam neles. Em seguida, os aventureiros apareceram por dois segundos nas aréias do deserto com um sol escuro e escaldante. Mais um salto e os aventureiros estavam em meio às labaredas de um dos Nove Infernos. Em seguida, surgiram numa rua de uma terra distante onde grandes edifícios de pedra, ferro e vidro se erguiam. Carruagens de metal sem cavalos avançaram em sua direção e o som de cornetas vindo dos estranhos veículos assustou os aventureiros por um instante. Logo estavam novamente saltando entre as dimensões. Depois de vários lugares fantásticos, a Ordem da Liberdade e os três fugitivos, voltaram a Sigil. Utua parecia apressado e virou-se na direção dos heróis, entregando-lhes cinco diamantes astrais.

"Desculpem. Não podemos nos demorar. Corram para seu mundo logo. Obrigado pela ajuda. Obrigado." Disse este, teleportando-se com seus amigos em seguida

"Vamos. Temos que usar o portal na taverna." Disse Arannis

"Portal? Porque não usamos a máquina?" Perguntou Ecniv

"Temos uma máquina que pode nos levar em segurança?" Perguntou Adrie

"Claro! Mas...temos um pequeno problema...aliás...dois." Respondeu o gnomo

"E quais seriam?" Perguntou Soveliss interessado

"Bem, a máquina tem uma poltrona com apenas dois lugares...e...há uma chance de falha no transporte. É uma margem pequena mas pode ser um inconveniente." Disse Ecniv

"Falha?" Perguntou Arannis inquieto

"Bem...apenas 20% de chances da máquina nos levar pra o lugar errado. Coisa pouca." Respondeu Ecniv olhando para o outro lado da rua

"Hum! Adoro aventuras..."Disse Keyra rindo

"Certo. Se essa máquina pode nos levar para casa em segurança sem o desvio que Utua mencionou com relação ao portal, eu voto por tentarmos."Disse o paladino de Avandra

Os aventureiros seguiram Ecniv pelas ruas de Sigil até o beco onde este havia deixado o veículo extra-planar. A máquina estava lá. Arannis e Soveliss conseguiram acomodar-se na poltrona. Keyra sentou-se no colo do paladino e Ecniv no do mago eladrin, o que deixou o pequeno gnomo contrariado. Adrie, transformada em gato acomodou-se no chão da máquina e Kubik pendurou-se ao lado de Soveliss. Era uma visão hilária.

"Bom...que seja o que Avandra quiser!" Disse Ecniv acionando a máquina que desapareceu de Sigil com um estrondo.